Linha do Tempo
de Caicó
1683
1695
1748
1788
1811
Meados do Século XIX
Final do Século XIX
Início do Século XIX
Meados do Século XX
Final do Século XX
Anos
2000


A partir do século XVI iniciou-se a ocupação do estado do Rio Grande do Norte pelos colonizadores⁴. No sertão essa ocupação começa no final do século XVII em busca de terras para a criação de gado e enfrentou uma forte resistência dos indígenas que aqui viviam. Para combatê-los foram erguidas casas-fortes, dentre elas a Casa Forte do Cuó, construída próximo ao rio Seridó no ano de 1683 e considerada a construção mais antiga de Caicó⁵. Hoje restam apenas as ruínas da fundação dessa casa forte.
Ruínas da Casa Forte do Cuó, primeira construção do Seridó.
Foto: Dimas Motta
1683
1695
A historiografia conta que em 1695 é selado um acordo entre os indígenas e o capitão-mor e então se constrói uma capela para Sant’Ana próximo à casa forte. Localizava-se onde hoje é o sítio Penedo. Neste local foi fundado oficialmente em 1700 o “Arraial do Acauã”, que viria a ser elevado a condição de “Povoação de Caicó” em 1735⁶.
Este sítio ainda hoje existe, estando agora inserido na zona urbana da cidade, por trás do terreno do Complexo Turístico Ilha de Sant’Ana.


Assim é hoje o sítio Penedo, área de onde surgiu a povoação de Caicó.
1748
Em 1748 inicia-se a construção da igreja Matriz que hoje conhecemos e a antiga capela que havia no sítio Penedo passou a ser de Nossa Sra. do Rosário, mas desapareceu entre 1789 e 1800 e ninguém sabe o porquê.⁷
Com a construção da Matriz a formação da área urbana de Caicó tomou impulso. As casas foram sendo construídas ao redor da igreja e foram formando-se ruas.
Naquele tempo as famílias passavam a grande parte do tempo nas fazendas. Lá elas produziam tudo que precisavam e a necessidade de comércio era pouca. Assim, vinham para as casas nas cidades só em ocasiões especiais como festas e celebrações religiosas.⁵

A princípio a Igreja Matriz tinha apenas uma torre.
Foto: Acervo de Joaquim Martiniano Neto


1788
Em 1788 é oficialmente criada a Vila do Príncipe.⁴ O núcleo urbano dessa vila que hoje é Caicó estava limitado aos rios Seridó e Barra Nova, mas os limites das suas terras incluíam toda a região do Seridó. De Caicó se desmembraram todas as outras cidades que hoje compõe essa região.²
Foto: MONTEIRO, 2007 (referência 4)



Sobrado onde viveu Pe. Guerra é hoje um animado ponto de cultura em Caicó.
Fotos: Facebook União do Sobrado
1811
Em 1811 foi concluída a construção do sobrado que foi por muitos anos a casa do Pe. Francisco de Britto Guerra, influente político da região.
Na época, a técnica construtiva desse sobrado foi revolucionária para a região, pois a grande maioria das casas que haviam aqui eram feitas de taipa. Ali seria por muito tempo o centro da vida social caicoense, pois como o padre era político, viajava muito para o Rio de Janeiro e trazia notícias de lá⁷. Nela funcionou durante 52 anos, até o ano de 1888, uma escola de latim criada pelo próprio padre.
A educação sempre foi muito valorizada em Caicó e essa escola foi um marco dessa história⁵. Sempre existiram aqui muitas escolas e muitas famílias de outras cidades vinham para cá buscando matricular seus filhos para que eles seguissem por caminhos mais promissores⁷.
Hoje a edificação pertence ao Governo do Estado, portanto a sua preservação é de responsabilidade da Fundação José Augusto. Funciona atualmente a Casa da Cultura de Caicó. Ponto de exposições artísticas e apresentações culturais, administrado pela União Do Sobrado.
Meados do Século XIX
Naquela época já haviam em Caicó alguns serviços de interesse da comunidade. Além do sobrado que funcionava como escola, havia a praça que hoje conhecemos como Praça Senador Dinarte Mariz, geralmente chamada de Praça do Coreto. Foi em um sobrado ali – onde hoje é um prédio residencial – que chefes políticos se reuniram para tratar da libertação dos escravos. Cerimônias de alforria eram celebradas nessa praça. Por isso ela era naquela época, e durante muito tempo, chamada de Praça da Liberdade. Era conhecida também como praça do comércio pois nela estava também o primeiro mercado público da história da cidade (não é o mesmo que hoje existe) e em duas ruas próximas funcionava o comércio que existia até então.⁵ Definitivamente uma praça de muitos nomes e muitas histórias.



Hoje a praça é cheia de prédios ao redor e com um coreto bem diferente dos anteriores.
Fotos: 1 e 2 - Album fotográfico: Caicó (ontem e hoje).
Final do Século XIX
A história de Caicó é permeada por secas e cheias. Em 1875 foi uma cheia, que alagou a área ao redor da Igreja Matriz, que redirecionou o sentido da ocupação da cidade para lugares mais altos. Nessa época, a Avenida Seridó já havia começado a ser construída. No início do século XX construiu-se o Mercado Público (a mesma edificação que ainda hoje existe) e Caicó começou a crescer no sentido do Rio Barra Nova.⁵
De 1877 a 1879 foi a vez da seca⁸. A pecuária foi muito afetada e então a economia da região começou a tomar um novo rumo. Começou a se expandir a atividade da cotonicultura, que é a plantação de algodão para a indústria de tecidos. Nós tínhamos a vantagem de ter uma variedade muito valorizada de algodão: o algodão mocó.

Assim era Caicó no final do século XIX. E assim se dava uma procissão de Santa'Ana.
Foto: pt.wikipedia.org/

Educandário Santa Terezinha no século XX

Mercado Público de Caicó construído no início do século XX

Antigo Hospital do Seridó. Localizava-se onde hoje é a Rodoviária

Ginásio Diocesano Seridoense (hoje Colégio), no século XX.

Av. Seridó na década de 1930.

Vista do Grupo Escolar Senador Guerra e seu entorno. Hoje onde foi tirada a foto é a conhecida "praça da alimentação".
Início do Século XX
No início do século XX o algodão seridoense estava em alta e já era a principal atividade econômica da região. Ela trouxe a Caicó um impulso para a dinamização da cidade porque era no núcleo urbano que se construíam as usinas de beneficiamento. Os políticos passaram a investir mais aqui e a infraestrutura da cidade melhorou. Muitos serviços foram instalados e prédios importantes foram construídos, como o primeiro Hospital do Seridó (ficava onde hoje é a rodoviária), o Grupo Escolar Senador Guerra, o Educandário Santa Terezinha e o Colégio Diocesano Seridoense. ⁵

O algodão contribuiu para o crescimento de Caicó. Na foto vemos parte da cidade na década de 1960 com a igreja do Rosário ao centro.
Meados do Século XX
Os limites da cidade de Caicó haviam sido até então os rios Seridó e o Rio Barra Nova, mas entre as décadas de 1940 e 1950 essa urbanização começa a ultrapassá-los. Em 1942 foi construída uma ponte sobre o rio Barra Nova e em 1957 uma sobre o Rio Seridó.
Com a expansão da indústria algodoeira na cidade começam a surgir, na região periférica, bairros com predomínio da classe operária. Eles são até hoje estigmatizados por grande parte dos cidadãos. Enquanto isso o bairro Penedo se estabelecia como um bairro de classes sociais com maior condição financeira, por consequência a arquitetura encontrada aí era mais vistosa.
Final do Século XX
No final da década de 1960 e início da de 1970 a indústria têxtil passa a usar fibras sintéticas e reduz drasticamente a compra de algodão, principalmente de algodão mocó, o mais plantado no Seridó, que era de melhor qualidade. Para completar o quadro, a indústria do Sudeste era muito mais moderna que a nossa, e assim ficava difícil competir.⁵
Um dos pilares da nossa economia é fatalmente atingido. Mas durante o tempo em que o algodão era nossa principal atividade econômica a cidade se desenvolveu muito e com ela o comércio e os serviços. Essa foi a atividade que se sobressaiu e passou a sustentar a nossa economia depois da crise da cotonicultura.⁵








Foto: TIGUEIRO et al, 2005
Anos 2000

As mudanças no cenário do centro de Caicó no início do século XXI.
Foto: Alexsander Pereira Dantas
Chegamos aos tempos atuais. Caicó deixou de ser uma pequena cidade e cresceu economicamente e urbanisticamente. Mas o comércio e os serviços, que hoje são os pilares da nossa economia, continuam localizados em sua maioria no centro da cidade. O mesmo centro que foi palco de toda a história até aqui. E estudos⁹ apontam que quanto mais esses setores crescem, mais o que havia de testemunho de outras épocas vai se acabando. Fachadas se modernizam e prédios altos são levantados.
Não só perdemos fachadas que foram destruídas ou descaracterizadas como perdemos as relações que antes haviam: antes a Igreja Matriz era a construção de maior destaque no centro, com suas grandes torres. Hoje o que vemos são prédios. Perde-se a unidade visual. Perde-se o sentido. Perdem-se os registros de todos os outros capítulos da nossa história.
1. BRASIL. Decreto-Lei n. 25 de 30 de dezembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.
2. MEDEIROS, José Augusto Bezerra de. Seridó. Brasília, 1980. Pg. 17.
3. II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos ICOMOS - Conselho Internacional de Monumentos e Sítios Históricos. Carta de Veneza. Veneza, maio de 1964. Disponível aqui.
4. MONTEIRO, Denise Mattos. Introdução à história do Rio Grande do Norte. Natal, RN. EDUFRN – Editora da UFRN, 2007.
5. MORAIS, Ione Rodrigues Diniz. Desvendando a cidade: Caicó em sua dinâmica espacial. Natal, RN. 1999.
6. MEDEIROS FILHO, Olavo de. Índios do Açu e Seridó. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1984.
7. CIRNE, Moacy. A invenção de Caicó. Natal: Sebo Vermelho Edições, 2004.
8. TAKEYA, D. M. Um outro Nordeste: o algodão na economia do Rio Grande do Norte: 1900-1915. Fortaleza: BNB/etene, 1985.
9. Trigueiro E. B. F., Iana Alexandra Alves Rufino I. A. A. R., Gilton Batista Filho G., Nathália Maria Montenegro Diniz N. M. M. Seridó’s built heritage: to whom it may concern. 2007. Disponível em < http://www.ct.ceci-br.org/ceci/ >. Acesso em setembro de 2014.
TRIGUEIRO, Edja et al. (2005). Inventário de uma Herança Ameaçada: Um estudo de centros históricos do Seridó - RN. Natal: MUsA/UFRN.